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AZERBAIJÃO Terra em chamas – Por Márcia Pavarini

Veja, no final da matéria, galeria com todas as fotos!


Texto e fotos Márcia Pavarini

FOGO DE CHÃO

Não é mágica, truque ou ilusionismo, o fogo sai da terra como se viesse direto das profundezas do inferno. Mas não se trata de um fenômeno sobrenatural, é apenas a manifestação do planeta, expelindo os gases emanados de suas entranhas numa forma de arroto que, em contato com o ar, entra em combustão, provocando as labaredas. Estamos falando do Azerbaijão, um dos países mais ricos em gás natural e petróleo.

Esse fenômeno pirotécnico ainda se manifesta em várias partes do planalto iraniano e foi citado por Marco Pólo em seu diário de viagem pela rota da seda, no século 12, uma vez que o Azerbaijão também estava no caminho das caravanas.


TEMPLO ZOROASTRA – ATESHGYAKH



Esse efeito natural nem sempre foi encarado como conseqüência física ou química da natureza. Há aproximadamente três mil anos, adeptos da seita zoroastra, chamados de “adoradores do fogo” acreditavam que esse fogo emanado da terra era uma manifestação divina. Os templos religiosos do zoroastrismo, onde celebravam rituais, cerimônias e cultos, eram construídos em torno das emanações e são conhecidos como templos do fogo. Ainda hoje, a parte mais importante do templo é a câmara onde se conserva o fogo sagrado que arde numa pira metálica colocada sobre uma plataforma de pedra.


BERÇO DE OURO  

A histórica terra do Azerbaijão está situada sobre um lençol de petróleo muito próximo da superfície.Em razão dessa característica geográfica, poças de petróleo afloram na superfície do terreno por todo o país, especialmente na orla marítima.


DINHEIRO NÃO TRAZ FELICIDADE; A NATUREZA QUE O DIGA!

Essa dádiva da natureza não trouxe apenas riqueza para o país, mas dramáticas conseqüências, como a grande poluição visual e ambiental, principalmente do Mar Cáspio. Por toda a costa, a perder de vista, erguem-se milhares de torres de prospecção de petróleo, das quais, centenas delas estão abandonadas e enferrujadas sobre poças do precioso líquido, mais parecendo um mar negro de sucatas.


A área do mar Cáspio, que banha a cidade de Baku, capital do Azerbaijão, é considerada pelos cientistas a área de maior devastação ecológica do mundo devido à severa poluição do ar, da água e dos solos. A poluição dos solos resulta de derivados do petróleo, do uso de DDT como pesticida e também dos desfoliantes tóxicos usados na produção de algodão. Sobre as águas da Baía de Baku (a mais poluída do mundo), flutua uma nata de produtos químicos e orgânicos poluentes.


“SOLTANDO GASES”


Além dos gases que saem da terra em forma de fogo, existe na região de Qobustan a chamada FLATULÊNCIA GEOGRÁFICA, uma das mais incomuns  manifestações de vida do nosso planeta. Trata-se de crateras no solo, com aparência de caldeirões borbulhantes, que expelem barro vulcânico em temperatura ambiente, cientificamente chamado “palcik vulcanlar” ou, popularmente, acne geológico.


Esse “acne geológico” é causado por sedimentos moles e não consolidados abaixo da bacia do mar Cáspio que, misturados com a água ,o gás e o óleo do sub solo borbulham na superfície em forma de lama líquida.

O Azerbaijão é um dos lugares mais antigos da civilização no planalto iraniano. Ela fazia parte do império persa. A língua oficial é o Azeri, uma ramificação do turco.

Do tamanho de Portugal, o Azerbaijão está localizado no Cáucaso entre o Irã e a Rússia às margens do mar Cáspio,. O norte do país é ocupado por montanhas que chegam até 4.500 metros. As férteis encostas são recobertas de pastagens, plantação de algodão e de grãos. Já na costa central do Cáspio fica a barreira semi desértica.


COLCHA DE RETALHOS



BAKU é a capital e a maior cidade do Azerbaijão. Considerando sua arquitetura, é uma verdadeira colcha de retalhos. O complexo da cidade velha é uma mistura de monumentos e palácios medievais, mansões do século 19, construídas durante a “corrida” do petróleo, e também algumas monstruosidades arquitetônicas da era soviética.


A cidadela é contornada por muralhas, com vários portais de acesso. Andar pelas ruelas e desvendar o mercado de antiguidades, tapetes e artesanato é voltar ao tempo das antigas caravanas da seda. Aliás, por estar na rota dos antigos mercadores, Baku era um ponto de parada das caravanas.

Ainda hoje existe a construção original do século 14 que servia
de alojamento aos mercadores e seus camelos.



Hoje, esta belíssima construção em pedra funciona como restaurante,
onde são servidos pratos típicos ao som de cânticos e danças azeris.

QOBUSTAN : TESTEMUNHO DE UM PASSADO DISTANTE

Além das riquezas do solo, existe um sítio arqueológico no Azerbaijão que é um verdadeiro tesouro nacional: são os antiqüíssimos petroglifos de QOBUSTAN, considerados os mais bem elaborados do mundo com inscrições em pedra, datadas dos séculos 12 a 8 antes de Cristo.

Usar e desfrutar da natureza sem destruí-la, foi o exemplo que os homens da pré-história nos deixaram. E nós, que exemplo deixaremos para os homens do futuro? Será que a terra tem, mesmo, um futuro?

Márcia Pavarini

Marcia Pavarini é advogada de profissão, fotógrafa e apaixonada por viagens. Compartilha suas andanças pelo mundo no Diário das 1001 Viagens.

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