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Chile – No Vale dos Vinhos. Por Márcia Pavarini.

Texto e fotos por Márcia Pavarini

De um lado, emoldurado pela Cordilheira dos Andes, do outro, banhado pelas águas frias do Oceano Pacífico, o Chile, com uma geografia única, abriga, em sua estreita faixa de terra de 4.270 quilômetros de comprimento, maravilhas naturais que vão de norte a sul.

Desertos, salares, montanhas, vulcões, lagos e as geleiras da Patagônia são algumas das exuberantes belezas com as quais o país brinda o visitante.

Mas, a sua maior dádiva é o prodigioso solo da área Central em Colchagua que, devido às características típicas, proporciona condições para se produzir os melhores vinhos do Continente com grande expressão no âmbito mundial.

A geografia vitivinícola chilena pode ser descrita como um espaço alongado, delimitado pela cordilheira dos Andes e pelas montanhas da Costa, fatiado em vales isolados através dos cordões montanhosos transversais.

É nesse anfiteatro natural que se estende a área das vinícolas. Cada vale possui  uma topografia diferente com influências dos Andes ou dos ventos frios do Oceano Pacífico, elementos que vão interferir no solo, na temperatura e na umidade para que as distintas variedades de uva desabrochem em perfeitas condições climáticas para depois se transformar em vinho de grande qualidade.

Em recente viagem ao Chile, passando pela rota gastronômica dos vinhos, visitei uma das mais tradicionais e conceituadas Vinícolas, a “Casa Silva” e, também, a mais antiga do Vale de Colchagua, construída no fim do século 19, quando o patriarca Emile Bouchon, primeira geração da família, deixou Bordeux na França em 1892 e se instalou no Vale, iniciando as plantações de vinhedos.

Situada à uma hora e meia da rota sul de Santiago, na cidade de San Fernando, a sede da Casa Silva mantém as tradições,  a magia e o glamour do século passado, onde  antiguidade e modernidade vivem em perfeita harmonia graças ao empenho do inovador e visionário Mario Silva Cifuentes, casado com Maria Teresa Silva Bouchon, uma das herdeiras do fundador que, em 1977 recupera grande parte da antiga bodega e expande as plantações  .
Hoje, com mais de 800 hectares distribuídos desde os pés da cordilheira, passando pelo Vale Central de Angostura alcançando a costa, nos diferentes “terroirs”, a Casa Silva é uma vitivinícola de referência internacional.


No finíssimo restaurante da cave da esquerda para
direita Mario Geisse Garcia, Gonzalo do Marketing e eu.

Nosso anfitrião durante a visita à vinícola foi o Sr. Mário Geisse Garcia, engenheiro agrônomo, “expert” em plantação de vinhas e enólogo internacionalmente renomado.

Mário Geisse é a estrela que faz brilhar o nome da Casa Silva fronteira afora. Seu desvelo obsessivo pelos cuidados de cada muda, nas centenas de hectares, justifica a qualidade das colheitas e as premiações dos vinhos.


O trator passa expelindo jato quente nas vinhas
para eliminar fungos evitando o uso de inseticidas.

Mario Geisse faz uma permanente investigação para descobrir o melhor lugar para plantar cada variedade. Delimitou a área que vinha produzindo as melhores uvas e instalou termômetros para acompanhar a temperatura das parreiras. Fez o estudo do solo através de perfurações geológicas e mapeou o escoamento das águas. Mario monitora, ainda,  a incidência do sol e dos ventos por satélite. Enfim, com essas técnicas, consegue manter a qualidade mesmo quando as condições não são favoráveis.

Foi com um orgulho incontido que Mario nos levou para conhecer os campos de plantação, os chamados “terroir” dos Lingues , que ficam aos pés da Cordilheira dos Andes, onde os vinhedos de Cabernet, Carmenère e Petit Verdot se perdem de vista numa paisagem bucólica.

Depois, seguimos para Angostura, no Vale Central, onde ainda existem mudas de Sauvignon Blanc de 1912, bem como Suvignon Gris que é uma especialidade da Casa.


Estábulo dos puros sangues com os quais os herdeiros
Silva praticam Pólo e Rodeio nas raias da fazenda.


Caves subterrâneas que abrigam as reservas mais
finas, intocáveis para os mortais.


Desde 1977 a Casa Silva engarrafa com marca própria.


Degustação de vinhos na Cave da Casa Silva: Sauvignon
Gris, Chardonet Carmenère, Cabernet Sauvignon e Merlot.


Na cave há três imensos salões que abrigam
aproximadamente 2000 barris de Carvalho.


Jantar no Rancho da família. Da esquerda para a direita:
Gonçalo, Roberto, Verônica, José (ao fundo) e eu.

Após a visita à cave, seguimos para os campos de LOLOL.

Esta plantação de Lolol é também chamada de “Sombras da Costa” porque as montanhas que existem entre os terrenos e a Costa, provocam mais sombra nas vinhas, dando-lhes outras características.

Em Lolol,  pernoitamos na propriedade da família, uma típica casa de fazenda, com sete suítes em forma de U, cujos antigos balcões e sacadas de madeira dão para um átrio interno. No rancho do terreno, José, o caseiro de 1001 utilidades, nos preparou um jantar dos Deuses regado aos melhores vinhos da casa.

No dia seguinte, depois de um faustoso desjejum, Mario nos levou para conhecer o “terroir” de “Los Paredones”, a 25 km de Lolol, em direção à Costa.

Ali, explicou Mário, há uma grande incidência de sol, a terra é mais porosa e, argilosa, com menção à qualidade dos vinhos da variedade Shiraz e Viognier.

A Casa Silva oferece  visitas programadas que podem ser agendadas através do site: www.casasilva.cl.

Além de conhecer a Adega, a Cave e as vinhas, o visitante pode desfrutar do finíssimo cardápio do Restaurante da Cave e hospedar-se no histórico e centenário Hotel Boutique “Casa Silva”, restaurado para oferecer grande conforto, mantendo o mais puro estilo de campo chileno.

E, mesmo fora do Chile, caso queira degustar um vinho da CASA SILVA, esteja você no Brasil, na França ou no Cazaquistão (alguns dos países para onde exporta) é só chamar o garçom!
Fonte: Marcia Pavarini

Márcia Pavarini

Marcia Pavarini é advogada de profissão, fotógrafa e apaixonada por viagens. Compartilha suas andanças pelo mundo no Diário das 1001 Viagens.

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