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UGANDA PARTE II – Depois de ficar cara a cara com os Gorilas, Márcia Pavarini parte para outra longa caminhada pela selva…


Primos primatas de Uganda
PARTE II
Por Márcia Pavarini
Depois de ficar cara a cara com os Gorilas da selva impenetrável de Bwindi em Uganda, Márcia Pavarini parte para outra longa caminhada pela selva, onde visita o curandeiro Alphonse, a tribo dos pigmeus Batwa (onde participa de um ritual), as fábricas artesanais de GIN de banana e uma escola dentro da floresta.


Místico, poderoso e respeitado Alphonse Bifungo, o curandeiro de Buhoma, em Uganda, é uma das figuras mais importantes da comunidade. Ele vive com a mulher e dois filhos numa cabana de barro no coração da mata, a muitas horas de caminhada da Vila, por estreitas trilhas, entre plantações de chá e de banana, onde recebe os doentes e moribundos para aplicar-lhes poções preparadas com plantas medicinais e raízes da selva impenetrável.
80% da população de Uganda continua dependendo da medicina tradicional como forma de tratamento.

Encimado por um estranho chapéu de pele e vestido numa jaqueta de couro curtido, Alphonse exibe, com orgulho, seu tabuleiro repleto de raízes e folhas e explica, em francês (porque ele é original do Congo), as propriedades de cada planta e suas aplicações na medicina natural. Este notável Xamã afirma que tem uma poção para cada tipo de doença e garante que já curou impotência, esterilidade, demência, sífilis, verminoses, câncer, problemas de rins, estômago, mas confessa: _AIDS eu não curo, mas trato das conseqüências que a enfermidade pode causar. Alphonse é capaz de andar vários dias para atender a um doente, sem cobrar nada em troca.

BANANA, CERVEJA OU GIN?
É difícil acreditar que seja possível se fazer CERVEJA e GIM de banana. E eu, como São Tomé, só depois de ver e de beber é que fui crer. Uganda é conhecida como República da Banana (Banana Republic), não só porque é um dos maiores produtores mundiais, mas também porque esta fruta constitui-se em meio de subsistência de 40% da sua população.

Existem dezenas de espécies de banana na região que podem ser consumidas como simples frutas ou transformadas em CERVEJA (rwarwa, muito usada para matar a sede) ou destiladas em forma de GIN (waragi)  fase altamente alcoólica. As destilarias de banana são rudimentares e, geralmente, instaladas no fundo do “quintal” da família cujo procedimento é passado por gerações.

A bebida é feita artesanalmente e passa por vários processos até chegar à fase de destilação.
Depois de um amadurecimento forçado, a banana é descascada e amassada COM OS PÉS, numa espécie de canoa feita de tronco, chamada BANANA BOAT. Essa massa é misturada com açúcar e deixada para fermentar, em seguida é fervida, quando então, o suco passa a ser extraído e pode ser consumido em seu três estágios: O mais cru e doce, parecido com a nossa garapa; o mais cozido e mais azedo semelhante ao vinho branco e, por último a destilada, quando se torna cristalina e alcoólica como a nossa cachaça.

MUKONO, UMA ESCOLA ADOTADA PELOS PAIS
Em meio à selva, pais com parcos recursos dão, ao mundo, uma lição de solidariedade. Cada tijolo, cada lápis e cada caixote que serve de carteira são doados ou fabricados pelos pais dos alunos que freqüentam a escolinha de Mukono. Os professores são voluntários que partilham um sonho comum: manter a escola funcionando, já que o governo nem se lembra que ela existe.

OS PIGMEUS BATWA
Eles viviam no coração da selva impenetrável de Bwindi, em Uganda, e alimentavam-se com carne de gorilas.  A partir do programa de preservação desta espécie em extinção  com a delimitação do Parque Nacional de Bwindi, os pigmeus foram removidos para as chamadas “vilas artificiais”.

Fora de seu habitat natural, viram-se obrigados a modificar seus hábitos alimentares.Entrando em contato com os nativos locais e outras tribos mais civilizadas, seus costumes sofreram influência cultural e miscigenação da raça. Como conseqüência, os pigmeus Batwa que mediam poucos centímetros, passaram a ter em média 1,30m de altura. Hoje, eles constituem uma minoria marginalizada.

Apesar de tudo, buscam em suas raízes, as tradições dos rituais e das danças simbólicas.
Durante a visita, os pigmeus realizaram um ritual cuja coreografia e cânticos contam os benefícios da floresta e exaltam a sua importância para o Planeta. Infelizmente, nem todos os homens se dão conta disso.

Fonte: Por Marcia Pavarini

Márcia Pavarini

Marcia Pavarini é advogada de profissão, fotógrafa e apaixonada por viagens. Compartilha suas andanças pelo mundo no Diário das 1001 Viagens.

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