Turpan – A Grande Muralha Subterrânea da China
Turpan, que na linguagem “Uygur” significa “o lugar mais baixo”, é uma antiga cidade da China situada no caminho da Rota da Seda. Encontra-se na mais baixa depressão deste país. É a segunda maior depressão do mundo com mais de 4.000 quilômetros quadrados situados de 150 a 200 metros abaixo do nível do mar. Ela também é conhecida como “Terra do Fogo” por ter as mais altas temperaturas registradas. Durante o verão atinge os 54ºC.
TURPAN NA ROTA DA SEDA
Essa cidade no meio do deserto de Taklamakan era uma parada estratégica no caminho que ligava a China à India, Persia e Roma. Era uma rota de comercio não só de seda, mas de ouro, bronze, cerâmica, marfim, coral, âmbar e pedras preciosas. Nos dois extremos, a rota conectava Xi’na, na China, a Roma na Europa.
Apesar de ficar num dos desertos mais secos do mundo, Turpan é um fértil oásis. Seu segredo? Canais subterrâneos escavados à mão, através dos quais, ainda hoje, as águas das chamadas “Montanhas Celestiais” chegam até as plantações, formando um verdadeiro campo de cultivo.
Parece milagre que em uma bacia desértica situada abaixo do nível do mar, onde não há água potável e a umidade é baixíssima possam ser encontradas frutas saborosas, sombra de parreiras e água fresca.
Graças ao famoso sistema de irrigação Karez tudo isso é possível. Os 5.000 quilômetros de canais subterrâneos de irrigação (muitos em funcionamento até hoje), não seriam nenhuma proeza não fosse o fato de que foram escavados à mão e, alguns deles, há mais 2.000 anos. Se não existissem os canais, a cidade teria desaparecido do mapa.
Essa monumental obra no subsolo de Turpan leva nome de “A Grande Muralha subterrânea da China”. A água é coletada no sopé das montanhas em poços verticais, a muitos quilômetros dali, e conduzida aos campos de plantação de grãos e videiras por meio de canais de irrigação subterrâneos.
Com aproximadamente 300 mil habitantes, a região é ocupada pela etnia dos Uygur, minoria muçulmana da China, com idioma próprio, cultura e religião distintas das dos chineses.
Por ser o deserto mais quente e seco da China, os mortos enterrados por antigas civilizações mumificaram-se naturalmente. Foram encontradas múmias em perfeito estado de conservação, com pele, cabelo, unhas e até vestimentas com mais de 6.000 anos.
O mercado de comidas típicas, animais e artesanato de Uygur é excitante. Kebabs(churrasco no palito), os tradicionais drinks, arroz “Zhua Fan”, aves, carneiro e cabrito assados e as famosas lingüiças, são quitutes de dar água na boca.
Turpan oferece outras surpresas aos visitantes. Andar num “táxi burro” pelas ruínas das antigas civilizações do deserto, visitar as múmias de d’Astana, inacreditavelmente bem conservadas, admirar a montanha em chamas e desvendar a gruta dos mil Budas, com afrescos, é uma experiência daquelas que ficam tatuadas pra sempre em nossa memória.
Fonte: Texto e Fotos Márcia Pavarini